XXXIII domingo do Tempo Comum
A história torna-se assim para o crente o lugar de exercício da perseverança e da paciência. Perseguições e traições, hostilidades até da parte de amigos e familiares, poderão marcar a vida daqueles que aderirem a Jesus, mas graças à sofrida perseverança esses poderão guardar a sua alma (cf. Lc 21,19). Enquanto experimentam o fim de relações e de fidelidades, enquanto anteveem o seu próprio fim, esses poderão conhecer a salvação das suas próprias vidas e tomar a sua alma como despojo, da batalha que a vida e a história lhes impuseram (cf. Jer 45,5).
Há tempos difíceis e obscuros em que se pede ao crente, apenas, que resista, que permaneça firme, que proteja a sua interioridade, que mantenha a fé, que salvaguarde a sua própria humanidade, que preserve a sua alma do caos e da confusão. Isto só, já será como um grão de trigo que, caído por terra, dará o seu fruto. Dietrich Bonhoeffer escreveu em tempos particularmente duros e difíceis, do cárcere de Tegel em 1944: “Nós deveremos salvar, mais do que plasmar a nossa vida, esperar, mais do que projetar, resistir mais do que avançar. Mas nós queremos preservar-vos a vós, jovens, à nova geração, a alma com cuja força vós devereis projetar, construir e plasmar uma vida nova e melhor". A perseverança que salva a alma não é, pois, nada de intimo, mas sim um ato de responsabilidade histórica de quem ousa pensar mais além e para lá de si.
Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano C
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